O Museu Quilombola da Picada

 

O Museu Quilombola da Picada é um sonho, um desejo, um projeto de memória coletiva da comunidade. Uma proposta educativa, cultural, turística e de Desenvolvimento Local e Sustentável. O trabalho teve início no ano de 2018 com atividades de formação em museologia social realizada pela Rede de Pontos de Memória e Museus Comunitários, a partir da solicitação de grupos e lideranças da comunidade.

 

Com a iniciativa de museologia social, a comunidade vem registrando e difundindo suas memórias da dominação imposta, os preconceitos, discriminação e violências sofridas ao longo do tempo. Tem enfatizado e reafirmado suas formas de resistência e luta, de seus saberes e fazeres locais.

 

A comunidade optou por desenvolver um processo de registro e difusão da memória e da história local a partir do olhar de seus integrantes. Essa ação é parte da estratégia de reafirmação da sua identidade e fortalecimento do seu protagonismo. Ela se insere na perspectiva de construção de novas relações sociais baseadas na cooperação, solidariedade, respeito às diferenças e a diversidade cultural.

Concebido por agentes culturais locais, o Museu Quilombola da Picada tem mobilizado para participar do processo de sua constituição crianças, jovens e adultos; homens e mulheres; educadores e alunos; artesãos, agricultores, pescadores e donas de casa e 03 Associações Comunitárias.

 

A Comissão de Implantação do Museu

Uma comissão local formada por diferentes segmentos da comunidade constitui a coordenação responsável pela implantação do Museu.

 

Em 2019 a Comissão foi ampliada para incorporar além das 03 associações comunitárias, a escola municipal, representantes dos grupos culturais representantes das secretarias municipais de Educação e Cultura, Obra, Turismo e Agricultura e Assistência Social.

Também passaram a compor essa comissão representantes da Secretaria Estadual de Educação do RN, a RPTV – Rede Potiguar de Televisão Educativa e Cultural, a Rede de Pontos de Memória e Museus Comunitários do RN e o CECOP – Centro de Documentação e Comunicação Popular.

 

A edificação do Museu

O Museu Quilombola da Picada será erguido em forma de mutirão e utilizará a técnica da bioconstrução. Essa técnica permite o uso de recursos locais, a redução dos custos de construção, além de contribuir com uma relação de equilíbrio com o meio ambiente.

 

A Comunidade da Picada

A Comunidade da Picada surgiu oficialmente com a aquisição da Fazenda Itu pelo Major Montenegro, grande proprietário de terra da região do Vale do Assú e chefe político local.

 

Controlando os moradores, os negócios e a política com mão de ferro, o Major amplia os seus domínios na nova fazenda abrindo trilhas na mata nativa, as chamadas picadas. Daí resulta o nome da comunidade.

 

Historicamente dominada e subjugada pela força do poder político, econômico e a tirania do coronelismo local, a comunidade formada por descendentes de negros escravizados trazidos da África criou suas próprias estratégias de resistência e luta.

 

Em 2005, a comunidade mobilizada conquistou por desapropriação do Governo Federal, a antiga fazenda pertencente aos herdeiros do Major e se transformou numa Agrovila da Reforma Agrária. A agrovila Pedro Ezequiel envolve 05 comunidades: Lagoa de Pedra, Itu, Porto, Salinas, Língua de Vaca e Comunidade da Picada.

 

O reconhecimento como comunidade Quilombola

Em 2010, após a realização de um estudo antropológico e mobilização da população o agrupamento da Picada pleiteou e teve o reconhecimento pela Fundação Palmares como Comunidade Quilombola. O assentamento conta com cerca de 550 pessoas e 139 famílias assentadas.

 

Mesmo com as conquistas históricas da comunidade, o grupo quilombola ainda tem sido vítima da exclusão social, do preconceito e da discriminação. A ausência de políticas públicas mais efetivas que contribuam com o crescimento da comunidade nas áreas da cultura, da educação, saúde pública e assistência social, ainda é um dado que persiste na realidade local.

 

As políticas implementadas pelo poder público ao longo dos anos, não têm respondido satisfatoriamente as demandas e desafios da comunidade no campo do Desenvolvimento Local e Sustentável.

 

OBJETIVOS

Organizar e disponibilizar a memória coletiva da comunidade, suas narrativas, saberes e fazeres populares como forma de fortalecer a identidade quilombola, a luta e organização, o protagonismo dos atores locais e o acesso às políticas públicas.

 

Realizar capacitações com crianças, jovens adultos e mulheres da comunidade visando a ampliação de conhecimentos e trocas de saberes nas áreas de memória e museologia social, bioconstrução, inclusão social e Desenvolvimento Local e Sustentável.

 

Desenvolver processos educativos e culturais, inovadores e inclusivos, contribuindo com o fortalecimento da educação integral, a aprendizagem criativa, o desenvolvimento do território e a construção de valores como respeito às diferenças, inclusão social, solidariedade e o trabalho em rede.

 

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA 

 

O Museu Quilombola da Picada está localizado na Comunidade de Picada, na zona rural do município de Ipanguaçu/RN, no Vale do Assú, distante 300 Km da capital do estado, Natal.

 

PRÊMIOS CONQUISTADOS

 

PRÊMIO DESAFIO APRENDIZAGEM CRIATIVA 

 

Em 2018 o trabalho com fotografia realizado pelo CECOP na Comunidade da Picada, capacitou crianças, adolescentes, jovens e adultos na localidade, gerando conteúdos educativos e culturais, foi vencedor do Prêmio Desafio da Aprendizagem Criativa.

 

Esse prêmio é uma iniciativa da Universidade de Massachusetts em Boston nos Estados Unidos, da Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa e a Fundação Lemann. O prêmio deu reconhecimento ao trabalho realizado na comunidade, assegurou a continuidade das ações educativas e culturais desenvolvidas na localidade, a difusão da proposta do museu, e possibilitou trocas de experiências e intercâmbio no Brasil e no Exterior.

 

PRÊMIO IBERMUSEUS DE EDUCAÇÃO 

Em 2019, a proposta do Museu Quilombola da Picada concorreu ao Prêmio Ibermuseus de Educação. O prêmio visa reconhecer e difundir projetos educativos e culturais realizados por instituições museais e que tenham como fio condutor o protagonismo dos atores locais.

 

O Museu da Picada que vem se constituindo através de ações continuadas de educação e cultura, concorreu com 158 projetos de 15 países de língua portuguesa e espanhola.

 

O Projeto do Museu da Picada conquistou o primeiro lugar na categoria projetos em desenvolvimento.



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