Iniciativa comunitária é realizada na comunidade da Picada, em Ipanguaçu
Localizada a cerca de 215 km de Natal, a comunidade quilombola da Picada, que fica na zona rural da cidade de Ipanguaçu vive a expectativa de inauguração do seu museu, que está sendo construído a partir da articulação e mobilização comunitária, escolas e grupos culturais. Todo o trabalho tem sido realizado através de mutirões para concretizar o sonho de um espaço de memória coletiva, destinado à arte e cultura local.
O principal objetivo do Museu da Picada é organizar e disponibilizar a memória e história da comunidade, suas narrativas, saberes e fazeres populares como forma de fortalecer a identidade quilombola. Com isso, o espaço contribuirá ainda mais para a organização comunitária, o protagonismo dos atores locais, além de ser um ambiente de construção de políticas públicas que promovam o desenvolvimento local e sustentável.
O uso da bioconstrução
Para a construção do espaço físico do museu está sendo implantada a técnica de bioconstrução, que nada mais é do que utilizar alternativas sustentáveis para preservar o meio ambiente e ao mesmo tempo priorizar a qualidade da edificação. Além disso, a bioconstrução foi escolhida pela comunidade da Picada porque ela é relativamente simples, barata e promove o envolvimento dos moradores no processo construtivo.
Nessa modalidade são aproveitados materiais locais e seu desperdício é mínimo, além de promover a adaptação da arquitetura ao clima local. Todo esse conjunto de técnicas é importante para minimizar os impactos ambientais causados por construções convencionais e gerar o sentimento de pertencimento por parte da comunidade, que participa de todas as etapas do processo construtivo.
A construção do Museu Quilombola da Picada está sendo feita em módulos. No primeiro foi utilizada a técnica do superadobe, que utiliza terra, areia e cimento ensacado e compactado. É uma alternativa construtiva simples, onde os sacos são preenchidos e posicionados um sobre os outros, para formar estruturas que servem como paredes para a edificação. O projeto arquitetônico já está no seu segundo módulo que consiste na fabricação de tijolos ecológicos. Para isso, são realizadas na comunidade oficinas que ensinam os moradores e articuladores a fabricarem e utilizarem o tijolo na construção dos espaços do museu.
Protagonismo comunitário e parcerias
O Museu Quilombola é uma iniciativa da comunidade através de 03 associações comunitárias e 02 grupos culturais locais e conta com a assessoria do Centro de Documentação e Comunicação Popular – CECOP. A iniciativa foi premiada internacionalmente com o Prêmio Ibermuseus de Educação, além de ter sido contemplado pelo Programa Itaú Social Unicef e a Lei Aldir Blanc de Cultura.
O projeto conta ainda com a parceria da Rede de Pontos de Memória de Museus Comunitários do RN, da Secretaria Estadual de Educação e Cultura do RN, através da Rede Potiguar de Televisão Educativa e Cultural – RPTV e da 11ª Direc de Assú, além da Prefeitura Municipal de Ipanguaçu e a Escola Municipal Nelson Borges Montenegro.
Contatos:
Raimundo Melo (84) 9 9950-4984 /98843-3745) Talita Barbosa (84) 9 8762-2916